sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DEMÉTRIO SENA - POETA E PESCADOR



            Tenho sido o responsável pelas postagens desse blog ultimamente, mas o que muita gente não sabe, é que essa história de blog aqui no colégio, iniciou com Demétrio Sena (Poeta e Animador Cultural), quando criou o VERÍSSIMOEMPAUTA, na breve e marcante passagem que teve por aqui.
            Demétrio é um cara poderoso! não tem o poder que a maioria das pessoas gostariam de ter, mas o seu grande poder é o de "BRINCAR COM AS PALAVRAS", pois é uma pessoa que consegue enxergar o mundo, com olhar de falcão e transmitir o que pensa, com a precisão de uma cobra dando o "bote". Pessoa discreta, é discreto também no seu trabalho de arte-educador, pois não é um animador cultural que faz um trabalho "cheio de pompas" ou espetaculoso (daqueles que aparece para a Secretaria de Educação), mas faz um trabalho importantíssimo para o desenvovimento cultural dos alunos.  Não são muitos os que se interessam pelo seu trabalho - pois, ele também não está muito preocupado com números e sim com qualidade - entretanto, consegue dar um olhar crítico e uma abrangência transformadora àquela minoria que o admira. É portanto, um pescador paciente, que não pesca muitos peixes, mas que pesca só peixões. E como poeta, é crítico, provocador, arredio aos modismos e com uma percepção apuradíssima aos diversos sentimentos.
           Ao sair do C.E José Veríssimo, o blog VERÍSSIMOEMPAUTA foi fechado e reabrimos este (VERÍSSIMO HOJE) com o atual formato, esperando manter o nível das postagens antigas.

Segue abaixo algumas poesias de Demétrio Sena 

PESSOAS SÃO LIVROS

Aprendi a valorizar as pessoas pelas aparências. A partir da intensidade na luz dos olhos negros ou verdes, azuis ou castanhos de quem fala comigo. Valorizo também os traços enrugados ou lisos da pele negra ou parda, vermelha ou amarela de quem se deixa esquadrinhar. De qualquer indivíduo que transparece; não esconde virtudes nem defeitos. Deixa bem evidentes as intenções sinceras que o identificam.
É pelas aparências que agora sei amar. Amo através dos gestos que salientam conceitos; do sorriso franco e da cara feia dos que não mascaram sentimentos... têm à flor-da-pele as alegrias e tristezas... satisfações e rancores. Bebo cada palavra dos lábios convincentes de quem fala com o coração... ou cada silêncio da expressão inequívoca dos que sabem quando é melhor dizer sem falar. 
Valorizo as aparências, porque aprendi que pessoas verdadeiras mostram quem elas são. Dão espetáculos contidos ou espalhafatosos, intensos ou leves do que levam no peito. Seus corpos não contradizem as almas. Os olhos refletem perfeitamente os estágios do espírito. Na verdade, mais do que olhar ou ver, aprendi a decodificar as capas, abrir pessoas e captar essências... ler tudo aquilo que as compõe.
Já não sou analfabeto. Venho tendo boas notas. Estou me formando em gente. Minha vida mudou, as pessoas estão mais simples aos meus olhos e cabem quase perfeitamente no meu entendimento. Tudo graças ao fato de que aprendi que as pessoas são livros e valem a pena quando não se fecham. Não se trancam em suas capas. Quando se deixam transparecer nas aparências.

SOCIEDADE INDIGESTA

Jamais me faça optar entre o seu afeto e um desafeto que você tenha, por questões pessoais... que são ou deveriam ser de foro íntimo. Saberei discernir questões de pessoas, sem deixar de lhe amar tanto quanto a quem lhe odeia. Ser seu amigo e do seu maior inimigo. Dar a vida por você e por quem deseja matá-lo, se ambos são meus amigos.
Compre as brigas desnecessárias que você quiser, mas não me torne seu sócio nesse consumismo emocional... nem tente revendê-las pra mim.

OUTRA ILUSÃO

Se me catas nos cacos de amassos tardios
entre restos de afetos lançados aos ventos,
nos limites possíveis de corpos baldios
desprovidos de sonhos além dos momentos...

Saberás que minh´alma guardou sentimentos
resgatados da sombra dos teus becos frios,
para outros amores acharem proventos
neste porto saudoso de novos navios...

Despachei tua imagem nos mares distantes
de saudades perdidas, brilhos retirantes
dos meus olhos tristonhos que buscam razão...

Não me queiras em cascas vazias de mim,
pois fiquei nesta concha, me guardei no fim 
que reciclo e preparo pra outra ilusão...

MULTIFLOR

Facilite os encontros dos olhares,
valorize os luares e silêncios
que dispensam palavras; expressões;
dizem tudo na força dos sentidos...
Dê vazão aos amores; facilite
amizades, romances, outros laços,
pois a chave real de se viver
abre as portas; os braços; abre o mundo...
Não invente caminhos assombrados,
uma vida não tem que ter espinhos
nem se há de sofrer pra ser maduro...
Chore apenas a dor inevitável;
seja fácil, volúvel, sonhador,
flor do campo, do brejo e do cerrado...

BLOG DO DEMÉTRIO:

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CINEMA E TEATRO EM RAIZ DA SERRA?

foto pertencente a Marlene de Sousa Soares - Raizito Jazz Band - Anos 30

Ao achar esta foto,  nos pertences de nossa família, me deparei com um adorável dilema: escrever sobre a banda ou escrever sobre o prédio, no fundo da foto. Por enquanto, vou me ater a escrever sobre o prédio. Existiu na chamada Vila dos Oficiais, da Fábrica da Estrela (atual IMBEL), um prédio onde funcionava um cinema e que também era utilizado para encenações teatrais. Outrora, o local era muito badalado  e era ponto de encontro entre os amantes das artes e pessoas que simplesmente buscavam diversão, na pacata Raiz da Serra, bairro de Magé. Ao longo do tempo, foi frequentado principalmente pela classe trabalhadora, alunos do colégio José Veríssimo e moradores das redondezas que curtiam cinema e teatro. Vários eventos aconteciam ali e o espaço era motivo de orgulho para todos os frequentadores. No entanto, a "badalação"  desagradava a alguns oficiais que moravam, na vila onde ficava o cinema, por terem suas privacidades invadidas. 
 Este prédio existiu até o final dos anos 80, quando passou a funcionar como uma espécie de depósito e mercado da IMBEL. Nesta época, já estava com as instalações precárias, quando um incêndio (meio suspeito) acabou de vez com anos de história. 
Quanto à banda, falaremos em breve, assim que concluirmos a pesquisa sobre a foto.